Já que sábado vai ter lançamento de Penadinho – Vida aqui na Itiban, adiantamos um pouco um papo com Cristina Eiko e Paulo Crumbim. Olha só:
Como vocês chegaram a Penadinho – Vida? Vocês que escolheram o personagem? Teria outro personagem que gostariam de trabalhar?
Cris/Paulo – Desde o momento em que o Sidão (Sidney Gusman, editor das graphic MSP) nos propôs trabalhar com o Penadinho, agarramos a oportunidade com unhas e dentes e almas (risos). Por isso não sabemos se teria uma outra opção.
Paulo – Pessoalmente, eu tenho uma vontade irracional de trabalhar com o Bugu (risos) mas até ai, entre vontade, e a decisão real que não é minha, existe uma grande distância. (risos)
Em que você serem um casal ajudou e em que atrapalhou a criação de Penadinho – Vida?
Cris/Paulo – Ajuda na dinâmica de trabalharmos juntos no mesmo ambiente, isso facilita muito nas escolhas durante o processo. Já quanto a atrapalhar, talvez seja em conseguir estabelecer um limite entre onde começa e termina o trabalho do outro sem ultrapassá-lo demais.
Como é o processo de criação de vocês?
Cris/Paulo – Geralmente eu, Paulo, começo escrevendo, mas isso não quer dizer que a Eiko não dê contribuições, mas essa tarefa de parar para escrever fica comigo. Feito os rascunhos, o trabalho vai para as mãos da Eiko que também não impede que eu dê algum tipo de ajuda no desenho. Por fim, eu faço as cores, que também vez ou outra tem uma colaboração da Eiko, seja em sugestão ou na prática mesmo. No final, por mais que um de nós seja o responsável por alguma tarefa, o outro sempre acaba dando um auxílio.
Como é comparar a Graphic MSP ao seu trabalho autoral, Quadrinhos A2?
Cris/Paulo – Existe diversos pontos em comum. Trouxemos o Penadinho mais para nossa realidade, um ambiente urbano, uma cidade com um centro cinza, mal iluminado e decadente – talvez um dos maiores símbolos seja o cartaz do “trago seu amor de volta”. Ao mesmo tempo que o Penadinho foi também empurrado ainda mais para fantasia, para o fantástico com a sequência da árvore. Logo, são características que trabalhamos no Quadrinhos A2, essa realidade urbana misturada à fantasia em alguns momentos.
Depois dessa experiência de publicar por uma editora (Penadinho saiu pela Panini) e de anos trabalhando como independentes (com os Quadrinhos A2), o que vocês perceberam? Pretendem continuar por conta própria ou publicariam por editora materiais como Quadrinhos A2 e Gnut (série autoral do Crumbim)?
Cris/Paulo – Essa experiência em específico com o Sidão, MSP e Panini foi ótima. Poder se dedicar somente ao ofício de escrever e desenhar é algo libertador, principalmente quando não precisamos fazer da nossa casa o estoque para todos os livros (risos). Mas cada projeto tem sua demanda e suas características. Se possível, gostaríamos de trabalhar novamente com uma editora e ao mesmo tempo manter nossa produção independente.
Guy Delisle comenta em suas HQs de o quanto aprendeu sobre posicionamento de corpo e de movimento humano trabalhando com animação. Vocês também trabalham nessa área, inclusive no premiado longa Uma história de amor e fúria. De que forma a experiência com animação ajuda vocês a fazerem HQ?
Cris/Paulo – Foram quase dez anos dedicados exclusivamente à animação, logo essa bagagem traz junto soluções e limitações. O lado positivo é que animação envolve uma série de artes, por exemplo o estudo de gestual mais próximo das artes cênicas. Porém, Quadrinhos tem as suas próprias características, a maneira de lidar com o tempo é totalmente diferente. Agora em 2015 faz cinco anos que nos dedicamos aos Quadrinhos, talvez nem metade de nossa experiência com animação, logo imaginamos que temos muito o que aprender ainda.
